Ritual da Chuva / Cruzeiro do Quebra-Sapato

Cruzeiro do Quebra-Sapato Contam as pessoas daquela época memorável que nos tempos de seca brava e prolongada o povo usava com fervor de um ritual, que segundo eles, não tardava em produzir resultado. As pessoas de tempos um pouco remoto possuíam um tipo de fé que sua força era capaz de remover montanhas. Após o Ritual da Chuva, a dita cuja se precipitava sobre a terra seca, sobre o mato tostado, sobre o medo dos sertanejos, regava a lavoura da fé que já era imensa e trazia alivio.
Quem se lembra cante comigo:
São Barnabé que morreu lá na serra
Pedindo nosso Senhor que dê chuva cá na Terra
Chuva por esmola
Também o pão que nos consola.
Antes da caminhada até o alto do Morro do Quebra-Sapato o povo se reunia na casa de Seu Zeca de Salita, a casa ficava na Praça Matriz (Érico Cardoso) entre a casa de Vavá e o hotel de Terezinha. Algo importante desse homem que deve ser mencionado foi quando ao perder a esposa em um domingo, após três dias, em uma quarta, ele veio a falecer, o amor que um sentia pelo outro era enorme e a tristeza da partida de um foi gigantesca sobre o outro. Às onze horas, aglomeravam na porta de Seu Zeca, todos com garrafas e vasilhames para enchê-los de água e nas bordas flores. Às doze horas, formava-se uma fila indiana e seguia pelas ruas até chegar ao ponto predeterminado. No caminho iam cantando a música de Barnabé. O sol quente ardia sobre os pedintes, de pés descalços caminhavam sobre o cascalho quente. Quando perto enfrentavam o Areão de Guilherme, a quentura era insuportável, pois o calor do sol era intenso, levando a areia a atingir alta temperatura.
São Barnabé que morreu lá na serra
Pedindo nosso Senhor que dê chuva cá na Terra
Chuva por esmola
Também o pão que nos consola.
Ao chegar ao pé da cruz, cercavam o cruzeiro e o rodeava cantando o canto de São Barnabé. Cada um derramava seu vasilhame de água no pé do madeiro e depois depositava as flores.
Tudo isso acontecia com as pessoas em absoluto jejum, só após toda a penitência eles iam comer alguma coisa.
Após a morte de Seu Zeca de Salita passaram a reunir na casa de Seu Sizinho, após a morte deste, o ritual nunca mais voltou a acontecer nas terras de Érico Cardoso, outrora Água Quente.

Colaboradores do texto:

Judilce Cardoso
Margarete Marques Tunes (Leo)
Dormário Viana Cardoso
Vilma Marques Tunes Cardoso

Luiz Carlos Marques Cardoso (Bill) 02/02/2010



                                                                                                     Página Inicial