26
2013
Mensagem de uma Visitante do Site sobre Paramirim
por Luiz Carlos Bill
Paramirim Bahia
Recebemos o texto que segue abaixo da visitante do nosso site a senhora Ju Rosário sobre Paramirim
Desde o bimbalhar dos sinos da Capelinha do São José, passando pela Igreja do Rosário, Capela do Coração de Jesus, até a Igreja Matriz de Santo Antônio, ouvindo o som perfeito do bronze tinindo e cantando nas novenas do Padroeiro, como é fácil te amar, Paramirim! Ao avistar tuas serras, com formas inigualáveis, lembrando-nos uma deusa adormecida, enquanto observa o teu céu de um azul único, sem igual, que emoldura tuas paisagens de infinita beleza, onde as estrelas brilhantes ofuscam quaisquer diamantes. Tua Lagoa que perfuma o ar, com maria-preta e tabuas, cheiro de fragrância pura, atraindo para nossa alegria as garças e os mutuns, que numa dança de vôos clareia suas margens e águas, hipnotizando-nos as retinas. Teu Rio, que te empresta o nome, lava nossos corações, limpa e refresca nossas peles, num banho de sonhos, na cachoeira do teu açude, onde as espumas de tuas águas nos embalam como uma Mãe, que nos faz adormecer e acalmar, se algo perturbar nosso sono, eu te amo, Paramirim. Porque tens no ar, o mistério que te faz tão amada, que envolves no teu regaço, a quem de te se aproxima, enfeitiças, cobiças e prende a todos nós, numa ciranda que tanto cantamos, nas tuas praças, nas tuas Escolas, na tua história infantil, te amo, Paramirim. No embalo dos teus reisados, Siá, Lió e seus Reis Magos, nas vozes masculinas inocentes, com as danças da Querida, as correrias do Bumba Meu Boi e o compasso da mulinha teu folclore nos emociona, nos envolve tanto e tanto que os personagens vivem e se eternizam na nossa memória. Que orquestra se iguala, ao cantar do carro de bois cheio de melancias nas feiras nos dias de sábado, chiando, avisando que chegou abóbora, maxixe, feijão verde, o pequi, o umbu, o doce de umbu feito com rapadura, muito requeijão e manteiga de garrafa, eu te amo, Paramirim. Nas novenas do Padroeiro Forte, vozes ecoam cantos sacros, antigos e que elevam, mergulho num passado tão presente, ouvindo os gritos de Maroto nos leilões ao fim das rezas: “Quem dá mais na leitoa?”. Pirulitos e queimados de canela, mungunzá, caldinho e pastéis. Nos dias de trovoada, chuva fina e “gererê”, enxurradas vermelhas e caudalosas a correr pelos becos com alegria, cheiro de terra molhada no ar, é tempo de fartura no sertão, tudo refloresce e enverdece, os olhos dos teus filhos serenos e esperançosos agradecem a natureza, como a terra assim molhada devolve os frutos germinados, só para ti, Paramirim. Acolhem no teu solo nossos amores eternos, Mamãe, Papai, Tanina e Tunano no teu seio adormecem guardados por flores e graminhas, adubadas com seus organismos, numa troca de carinho, agradecidos por serem teus filhos; Ampara-os no teu torrão, protegendo-os para sempre, eternamente te amarei, Paramirim.
Texto: Ju Rosário
Nossa que belo texto… Parabéns a autora
DISPENSA COMENTARIOS
Essa é a maior poetisa atualmente. Textos bem elaborados e inteligentes. Parabéns Dona Ju Rosário. Bjs.
Me emocionei com essa bela mensagem, fiz um retorno a minha infância que os anos não trazem mais. Saudades de cores, cheiros, sabores, pessoas, olhares….. Te amo Paramirim.
Sara, achei sensacional, gostei muito. Parabéns.
O texto descreve o pretérito. Na atualidade “a Lagoa que perfuma o ar, com maria-preta e tabuas, cheiro de fragrância pura” foi transformada no pinicão da cidade. “O Rio, que te empresta o nome, lava nossos corações, limpa e refresca nossas peles” é fonte de contaminação para quem ousa se “embalar em suas espumas”. Quanto às tradições dos reizados, danças da Querida e o Compasso da Mulinha, estas foram tragados pelos axés e arrochas promovidos pelo Município. O carro-de-boi sumiu da paisagem, ao contrário de outras cidades que promovem eventos para mantê-los vivos. Desse modo, além da saudade, só resta aos filhos, natos e adotados, a chance de se organizarem para resgatar as belezas do torrão natal, descritas no texto de D. Ju Rosário.
Que inspiração Divina! nos faz sonhar. Esperamos que a bestialidasde humana não destrua tudo. A lagoa já não é a mesma, hoje poluída e peixes morrendo, os carros de bois dão lugar ao som dos motores e …
Ademais, complementado, nessa “lagoa de maria-preta” e nesse “rio de sonhos” atuais já foram vistos o prefeito e secretários; o juiz, promotores e advogados; o bispo, o padre e seminaristas; médicos e atletas, companheiras, filhos, netos e amigos, saltitantes, tomando banho no “balneário” e de pedalinho ou pescando na Lagoa?
Linda mensagem. É como se a gente tivesse vendo um filme de Paramirim!! Impressionante!! Parabens, Ju Rosario!!!
Muito lindo. Lendo este magnifico texto, fiz um retorno a minha terra natal. Parabéns