nov
27
2015

Morte é Vida

Morte e Vida

Pobre ser que agora dorme eternamente na escuridão do tempo. Ainda há pouco, corria por estes campos fagueiro a latir um e outro transeunte que por aqui perambulavam. Tombou na curva inexplicável dos que tiveram a oportunidade de gozar da vida. Um automóvel em alta velocidade colidiu com o animal, uma pancada seca e mortal, caiu gemendo e uivando. O uivo pouco a pouco foi se extinguindo, devagarinho. Agonizava esquecido em um canto de estrada a sua dor terminal. De repente, um calafrio forte, os olhos turvaram, o vazio tomou todo o corpo, o mundo apagou-se para sempre. Pronto! Estava tudo acabado. Um ponto final na vida do cão. Será? Seus lindos olhos continuavam a contemplar o infinito, mas já não tinham brilho para visualizar os acontecimentos, estavam mortos. O dia se passou rapidamente. No amanhecer seguinte, urubus faziam giros pelo céu, o cheiro da morte os convidava para um banquete. Um a um foram descendo, em poucos minutos eram dezenas deles a admirarem o cardápio. Eles não viam ali um cachorro morto, enxergavam um deliciosos aperitivo. A primeira ave que se aproximou, chegou pulando, airosa, faminta, gulosa… Os dois olhos do defunto eram como duas uvas sobre o churrasco. Uma bicada forte retirou um dos olhos, outra bicada arrancou o outro. Em pouco tempo a urubuzada caiu em cima em golpes de bico. A vida devorando a morte para continuar viva. Olhando para o cão, morto, desolado, sem forças para reagir, gritei: “Levante daí! Cadê o seu latido raivoso? Cadê toda a sua coragem? Lute! Espante esses seres que estão sobre você”. O cão submisso a força primordial sedia seu corpo. Morto já não sentia mais os efeitos da vida. Seria devorado por completo cumprindo os pareceres da vida. Mesmo morto a sua história ainda continuou um pouco mais, pois se misturou com a saga das aves carniceiras.

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  • Kkk, que fezes hein!