jul
29
2014

O Mandacaru e o pé de São João

– Meu amigo, mandacaru, a chuva nos devolveu a vida, sofremos longo tempo desprovidos de folhas e flores.

– Alto lá, meu caro São João, não tenho folhas, sempre estou verde, sou o verdadeiro rei do Sertão.

– Mentido! Um rei que carrega uma coroa de espinhos. Minha coroa é de flores amarelas, veja como estou lindo.

– Jesus carregou na cabeça uma coroa de espinhos, só fez aumentar a sua importância e a sua grandeza. Sou rei porque sou forte, vigoroso e destemido. Enquanto todos hibernam, coloco-me de olhos abertos, não fujo a seca, nem ao vento e ao sol.

– Mas também: um ser que não dá sombra nem encosto, qual a serventia mesmo?

– Minhas flores são adocicadas do mais puro néctar, meus frutos são disputados pelos pássaros, de meu caule salvo bichos e pessoas da morte por sede. Sou rei, não já lhe falei! Ninguém é rei por acaso. Mas não fique triste não, mesmo você não sendo rei, pois rei só existe um, sua beleza me dá mais beleza ainda. O que seria desta fotografia na falta das suas belas flores amarelas? Quantas abelhas a lhe visitar.

– Não estou triste, logo agora que me vejo verde e bonito, quero mais é ostentar minhas qualidades, pois breve voltará a estiagem e eu me perderei no sono.

– Vamos cantar, São João? Mandacaru quando flora lá na seca, é o sinal que a chuva chega no Sertão.

– Até música o danado tem. É um legítimo rei mesmo.

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