set
20
2014

O Rio cortou, meu coração cortou também

Nosso querido Rio Paramirim está morrendo, agoniza em meio a tanta indiferença daqueles que mais são beneficiados por sua doce e salutar água.

O rio cortou, parou de correr, meu coração sensível, mole feito gelatina, cortou também. O que fazer? Não sei. O que será de nós? Só Deus sabe. O rio cortou, quando o rio corta, corta a vida ao meio, corta o elo existente no ecossistema, corta a bonança da fartura, corta os sonhos, corta tudo fazendo do inteiro forte várias fatias insignificantes.

O Rio Paramirim em Érico Cardoso cortou, já não corre mais, em uma faixa jaz o leito seco, quase sem vida. Os peixes de outrora, jundiás, caris, traíras, piabas, corvinas, pacus, piaus já não nadam mais, morreram, sumiram. Os pássaros, répteis e anfíbios sumiram em busca da água e do alimento. O que sobraram em certos locais foram algumas bacias cheias de líquido, sobre elas um manto verde, debaixo os dejetos fétidos da cidade.

A água para a pecuária e para a agricultura sugam desenfreadamente o pouco que desce da nascente no Pico das Almas. A lei é a de quem chega primeiro. Regos com vazão maior que a do próprio rio a engolir e a desviar toda o líquido dizendo que são eles os donos da água. Deus quando fez o mundo não deixou testamento. Quem é o dono do Rio? Quem é o dono da água? O Rio está agonizando. Quem terá a coragem de levantar a bandeira e lutar em defesa dele? A guerra por água já começou. O bicho homem que só sabe destruir deverá refletir e ser sensato para a resolução desses novos desafios que tocam a humanidade.

Meu querido, Rio Paramirim, na infância fui feliz brincando em suas frescas águas, sonhei, e hoje sou o que sou graça a sua vitalidade; saiba que a sua dor é a minha também; se meu poder fosse grande a ponto de lhe pôr no hospital e de lhe revitalizar, eu assim o faria, mas sou fraco, você tão forte se ver humilhado à beira da falência total dos órgão; deixo apenas minhas lágrimas, são poucas, quem sabe outros venham a me seguir e com as nossas lágrimas lhe restituímos a vivacidade do tempos mágicos. Meu corpo é fruto das suas águas, a sua morte nos matará também. O filho não deve ter ingratidão pelo pai que sofre. Vamos, filhos do Rio Paramirim, procurar uma solução para salvar nossa principal fonte de água potável.

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3 Comentários Padrão+ Adicionar Comentário

  • Parabéns Bill,

    Se todos os jovens tivesse esse sentimento ambientalista que vc tem, certamente evitaríamos a grande crise que está por vir. As cidades ribeirinhas, especialmente Água Quente, Paramirim, Caturama e Rio do Pires, têm que tomar uma providência urgente para salvar o Rio Paramirim, Rio do Morro do Fogo e Rio da Barra. Não podemos cruzar os braços e assistir, silenciosamente a morte desses Rios. Precisa-se reflorestar as matas ciliares. Precisa-se urgentemente mudar o sistema de irrigação que desvia os leitos dos Rios. Precisa-se retirar os esgotos que são direcionados para os mesmos. PRECISA-SE DE ATITUDES DOS PREFEITOS,COM A PARTICIPAÇÃO DAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS.

    ONDE ESTÃO OS BRAVOS SERTANEJOS QUE SEGUNDO O ESCRITOR EUCLIDES DA CUNHA: “SÃO ANTES DE TUDO UM FORTE”???????????

    VAMOS RECUPERAR O NOSSO PARAÍSO! ACORDA SERTANEJOS DO SONO DO COMODISMO.

    O COMODISMO É O CÁRCERE DO DESENVOLVIMENTO.!

    Abraços Bill,

    Délio Martins

  • Desculpem-me pelos erros ortográficos, pois o teclado está engolindo algumas letras. Obr.

  • Fico com o primeiro comentario e no qual assino embaixo.