fev
19
2020

Paramirinhense tira nota 10 em redação da UESB e é aprovado em 1° lugar em Direito entre estudantes de escola pública

Dezenove anos. Essa é a idade do paramirinhense Luís Ângelo Sousa, aprovado em primeiro lugar na modalidade “cotas: estudantes procedentes de escola pública” para o curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Ele é filho de Antônio Souza e Aparecida Oliveira. Estudou o Fundamental 1 na escola Dirlene Matos Mendonça, o Fundamental 2 no Colégio ACM e o Ensino Médio no Colégio de Paramirim.

Além de estar no topo da lista de selecionados, ele tirou 10 na prova de redação, considerada a mais temida do vestibular.

A lista dos aprovados foi divulgada ontem, 18 de fevereiro de 2020, porém apenas hoje, dia 19, os estudantes tiveram acesso às notas.

Ângelo conversou com o nosso site a respeito do resultado.

Qual a sua reação ao saber da nota?

R= “Confesso que fiquei surpreso. Logo após a prova cheguei a comentar com alguns amigos que eu acreditava ter ido bem, até brinquei que iria “fechar” a redação (risos). Mas na verdade, por ser a minha primeira vez prestando esse vestibular, não esperava tirar 10 logo de cara.”

No vestibular desse ano, o tema da redação da UESB foi: “Só existe justiça, onde a equidade opera. Igualdade não é justiça!”. O que você achou desse tema?

R= “Achei ótimo. Eu já apostava que seria algo relacionado a questões sociais, que são, pelo que eu tinha lido, pautas sempre presentes nas provas da UESB. A temática da equidade, principalmente de alguns anos para cá, tem sido muito debatida tanto no âmbito acadêmico quanto midiático e por ter grande relação com o curso que eu pretendia, creio que consegui usar argumentos sólidos para embasar meu ponto de vista.”

Ele escolheu Direito tanto na primeira quanto na segunda opção de curso e obteve o primeiro lugar nas duas, ambas na modalidade de cotas para estudantes de escola pública.

O que lhe motivou a optar por esse curso?

R= “Bom, eu fui criado em uma família católica, sendo eu também católico, o que contribuiu para que eu desenvolvesse interesse por questões ligadas à moral, à justiça e à sociedade de um modo geral, além de gostar de filosofia e política, temas caros ao Direito.”

E quanto ao seu gosto por redação, quando começou?

R= “Desde pequeno sempre tive muito interesse pela Língua Portuguesa. Aos 11 anos já gostava de escrever textos e poemas, com cerca de 13 corrigia trabalhos para colegas e com 15, por hobby, me aventurei na área de comunicação com alguns amigos, “brincadeira” na qual estou até hoje (risos) — Luís é o diretor do site Paramirim Agora —. Além do mais, tenho muito gosto pelo estudo da gramática. Creio que tudo isso possibilitou desenvolver minhas habilidades.”

Além da classificação na UESB, ele também foi aprovado em 1° lugar no ProUni, recebendo uma bolsa integral para o curso de Direito na Faculdade Uninassau.

Como você se preparou para essas provas? Fez algum tipo de cursinho?

R= “Minha preparação se deu em casa, revisando conteúdo do ensino médio e me aprofundando em temas que eu não havia estudado. Não fiz cursinho, mas assistia videoaulas e lia sobre assuntos que tinha dúvidas. Contrariei algumas dicas de professores e foquei mais nas áreas do meu interesse, deixando em segundo plano as que eu não gostava muito.”

Como foi sua vida estudantil até aqui? Sempre estudou na rede pública de ensino ou já frequentou escolas particulares?

R= “Toda minha vida estudantil até aqui foi na rede pública, desde a creche até o ensino médio.”

E qual a sua opinião a respeito da educação pública?

R= “O pessoal fala muito de escola pública, que não tem estrutura e que o ensino é precário (o que não deixa de ser verdade. Todos nós sabemos que o Estado brasileiro não dá a atenção que deveria ao ensino básico). Mas, na minha opinião, o principal problema do nosso ensino é a falta de interesse da maioria dos alunos. Sempre tive excelentes professores, os quais eu percebia que se dedicavam ao máximo para transmitir conhecimento, embora não fossem ouvidos pela maior parte da turma. Até hoje, dos colegas que já tive, poucos foram os que eu vi se esforçando para aprender algo. Muitos faziam da escola espaço de bate-papo e até ponto de encontros amorosos, e o estudo acabava ficando em último plano”. “Quando eu não entendia um assunto, em vez de culpar o professor pela qualidade da aula, buscava outros meios para estudar. Eu sabia que a responsabilidade pelo meu sucesso ou fracasso era só minha. Percebo que cada vez mais fazem essa transferência de responsabilidade, jogam tudo nas costas da escola”.

Você gostaria de deixar alguma mensagem aos estudantes?

R= “Não sei se tenho autoridade para tal, mas eu diria o que sempre digo a amigos: sejam diferentes da maioria. Esqueçam essa ideia de “você é jovem, vá curtir a vida”. Não que eu seja contra diversão, de forma alguma, mas vocês estão na fase mais importante de suas vidas e não podem deixar esse tempo passar com futilidades. Hoje em dia quem não se prepara fica para trás. Assumam para si a responsabilidade pelo seu aprendizado e encare isso de forma séria. Talvez hoje não faça muito sentido, mas no futuro pode fazer uma grande diferença.”

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