jul
19
2012

Pinturas Rupestres

Pinturas Rupestres Santa Tereza

O Vale do Paramirim é um celeiro imenso de Sítios Rupestres, as chamadas pinturas de índios. Na nossa região pode-se facilmente encontrar as marcas dos primeiros habitantes destas paragens. Estão em grutas, em abrigos, nas paredes das serras, nas margens dos rios e até marcadas nas rochas no chão (como é o caso do Sítio da Pedra Escrevida que se encontra na Comunidade de Vereda em Érico Cardoso). Essas pinturas nos faz refletir sobre o passado daqueles povos, agrupamentos esses que habitaram por aqui há muitos séculos, antes da chegada de Cabral.

Olhando para o Sítio de Santa Tereza, o mesmo nos faz comentar sobre alguns pontos possíveis usados nas confecções desses brilhantes e valiosos painéis. Nos tempos atuais, confeccionamos obras, colocamo-las molduras e com elas enfeitamos nossos ambientes. Brilhantes pintores a humanidade acolheu no seu seio no decorrer dos anos. Qual a diferença de um quadro pintado pelos grandes mestres do Renascimento ou do Modernismo com os painéis de Santa Tereza? O conhecimento e as técnicas daqueles já eram bem mais evoluídos do que as destes, isso talvez explique, ou talvez não elucide nada.

Debruçando-nos sobre a situação atual e também no curso da nossa história, temos uma nítida visão dos poucos indivíduos que se lançam e se lançavam na profissão das artes, pois nas muitas das vezes essas formas de se expressar não passam de hobby. Chegamos a um ponto crucial: pelo tamanho do período vivido pelos indígenas daqueles tempos remotos era para se ter uma quantidade muito maior de sítios, desta forma, bem mais grafismos e pinturas. Em Santa Tereza, por exemplo, com tantas paredes prontas para serem pintadas, no entanto só existem os três painéis em um único paredão.  Esses painéis teriam sido pintados de uma só vez? Teriam sido pintados por um único indivíduo? O que essas pinturas representavam para aquele que as pintou? O local em que foram pintadas tinha de fato um significado para os habitantes daquele tempo? São indagações que quiçá jamais chegaremos às devidas respostas.

O indivíduo, ou os indivíduos, que pintou tais painéis, como nos dias de hoje, era diferenciado na sociedade, talvez até bem mais do que é agora uma celebridade. Seria ele um rei, no sentido da grandeza do termo? Não temos como confirmar. Mas podemos dizer e afirmar que o homem que fez os painéis era um químico, pois seus relatos além de pendurarem até os dias atuais tem uma variedade de cores. Quantos de nós, hoje, seríamos capazes, sem o aparato tecnológico, em criar tintas coloridas e de durabilidade que adentrem pelos séculos, sofrendo os efeitos do sol, da chuva, do vento e que mesmo assim não se apagam facilmente? Nesse conjunto de grafismos e desenhos encontramos o amarelo e o vermelho, todavia em outros por nós já catalogados deparamos também com o preto e o branco.

O que cada imagem e cada traço representavam para aquele que os fizeram? Podemos tentar imaginar. Os quadros de Picasso nos levam ao mesmo caminho. Uma obra faz referência a uma guerra (Guernica), outra a um fato cotidiano (Mulher passando a ferro) e tantas mais a múltiplos outros elementos. Poderiam os painéis de Santa Tereza representar o espaço, ou quem sabe o ciclo da chuva, ou uma cena cotidiana qualquer? Estamos diante das primeiras obras de artes criadas pelos humanos, obras essas com grande grau de subjetividade, pois o período e a forma de se expressar já não os são mais os mesmos. Mas quem sabe não tenha sido esse o propósito deles aos criá-los. Poderia ter sido a confecção de um mapa, um calendário, algum acontecimento importante, ou tantas outras possibilidades, mas mesmo assim não deixa de não ser uma obra de arte.

Concentrando-nos nesses painéis do Sítio de Santa Tereza escolhemos um trecho para mostrarmos a nossa dedução do enredo dessa magnífica obra. Sobre o painel, pintado de amarelo, o rei da chuva comandando o ciclo das águas: trovões, relâmpagos, e o Rio Paramirim correndo pela sua direita. Sob o deus da chuva, os traços representando a própria água que precipita das nuvens. Alguns seres pulam de alegria, ou quem sabe rogam pela água que ainda não chegara. Uma serpente enorme vagueia pelos prados.  A grande serpente poderia muito bem representar as formas dos relâmpagos a cortarem o céu, ou os abomináveis repiteis viventes no local. Sobre uma serra, um ser levanta os braços, mais ao fundo outro ser sai de uma caverna ou de um abrigo. Formulamos apenas uma das muitas possibilidades, esse um ponto de vista nossos, provavelmente, não condiz com a realidade dos fatos. Quem sabe se o leitor não o encontre outros?

Os tempos mudam constantemente, com ele as coisas se transformam, a arte e a evolução do conhecimento vêm seguindo o mesmo trajeto dos passos dados pelos humanos. Os anos se atropelam rapidamente, seres vêm e vão numa velocidade impressionante, o que sobra dessa magnífica sopa de aprimoramentos do próprio conhecimento é a pura e sagrada evolução. O Sítio de Santa Tereza vive para nos mostrar que há muitos anos já havia civilizações ricas em conhecimentos e que somos meros passageiros pegando carona na grande e exuberante espaçonave Terra.

Assista aos Vídeos do Sítio de Santa Tereza:


Deixe um comentário usando sua conta do Facebook




Deixe um comentário usando o Formulário do Site



2 Comentários Padrão+ Adicionar Comentário

  • Belíssimo texto!
    Poderíamos nos inspirar nesses nossos ancestrais, na valorização do meio ambiente, na observação e contemplação da natureza, nossa maior riqueza.

  • Bela contribuição à preservação do patrimônio arqueológico brasileiro!
    Excelente trabalho de divulgação científica!