Um estranho fato me roubou a atenção. De repente, ele se petrificou perante meus olhos. Chegou como uma explosão de bomba atômica, sem esperar. Aquilo ao me atingir, despertou-me uma vontade de explorar suas entranhas para tecer algumas considerações. Um pensamento estranho para o estado moderno em que nos encontramos, todavia fruto deste meio de transição de gerações. Talvez estas palavras que as escutei, outras pessoas também as escutaram ou virão a se deparar com elas no decorrer dos próximos dias, meses ou até anos.
Um rapaz, graduado em nível superior, dotado de suas faculdades mentais, disse-me que as redes sociais, que os sites de internet, que as funções do celular, que não seja a de ligação, para ele são tudo banalidades que dispensam interesse. A frase dita por ele não foi nestes termos, mas o conceito é o expresso. Sem falar na revolta e no nervosismo dele a tentar impor suas arcaicas ideias. O tempo passou e ele continua agarrado nos aprendizados do seu pretérito.
Já não cabe mais a nós querer ou não querer certas situações que o mundo nos obriga a realizar para termos capacidade para participar do presente atual se preparando para o futuro que já está à porta. Ignorar a tecnologia é o mesmo que tentar se flagelar regredindo a épocas passadas. O mundo é tal como se apresenta neste momento. Ao homem, cabe se aperfeiçoar, cabe a nós capacitar nosso corpo para as novas conjunturas, instruir a mente em torno de novos conceitos. O homem por ter a inteligência como patrimônio maior, deve, por obrigação natural, enriquecer os seus neurônios com conhecimentos variados e atuais.
Neste instante de turbulências várias, neste ponto de ruptura tecnológica, muitas pessoas, apavoradas, relutam em buscar capacitação e desejam com afinco permanecer no seu mundo feliz, na sua zona de conforto. O novo chega com muita força, obriga a lentidão a se retirar, faz-se a energia central do pêndulo que sustenta a sociedade. Atributos que eram tidos vitais desaparecem em um piscar de olhos. Empregos, profissões nascem com velocidade da luz, enquanto outros desaparecem como em toque de mágica. No meio de tudo isso estamos nós, somos ingredientes desta formidável sopa.
Tentei mostrar ao rapaz a verdade do nosso mundo. Mudar é preciso. Aquele que tentar brecar este impulso catapultado no decorrer da história será destroçado por esta força propulsora que absorve os que interagem e destrói as anomalias do sistema. É questão simples, ou participa do jogo e tenta obter lucro com as regras, ou será eliminado da vida social. O rapaz atordoado com minhas explicações, viu-se acuado, chamou-me de pessimista e arrogante. Neste mundo, dá conselho não é fácil, melhor vendê-los; mas será se há gente interessada em comprá-los?
A evolução tecnológica vem nos últimos anos ganhando velocidade de velocista. Se antes passeávamos a contemplar as modificações de décadas em décadas, agora o caldo muda de sabor dia a dia, uma verdadeira loucura. Você dorme empregado e acorda procurando por emprego. O que fazer para caminhar com os passos da evolução? Primeiro aprender a dominar o novo, depois ter uma posição firme em detectar abalos no terreno em que está instalado. A pessoa satisfeita com o pouco que sabe é a mais vulnerável em se perder. Nunca na história humana fomos exigidos mentalmente como neste século vinte e um.
O rapaz da conversa, por obrigação de seu emprego, se viu obrigado a adequar suas rotinas com aparelhos que executam procedimentos indiferentes as aptidões humanas. Sem notar, o indivíduo vai aos poucos penetrando na nova realidade, mesmo os mais ferrenhos opositores. A vida moderna é como uma máquina em pleno funcionamento, cada um de nós é uma peça da engrenagem maior. Se falharmos, de imediato, somos substituídos.
Luiz Carlos Marques Cardoso. 06/03/2019