fev
1
2013

Você conhece Pardal? Um andarilho está em Paramirim.

Andarilho em Paramirim

Paramirim acolhe em sua Sede um andarilho, já se encontra por aqui por cerca de um mês. No domingo, dia 27 de janeiro de 2013, estivemos no mine ônibus dele, uma residência andante, o bom é que o mesmo não precisa pagar IPTU. O automóvel e uma moto são todos cheios de estilos. A moto sofreu várias modificações, os seus componentes são quase todos de inox, por onde passa prende a atenção das pessoas. Tira o sustento do artesanato que fabrica, fez questão de nos mostrar as peças criadas a partir do rutilo. Em cada ponto, em cada canto, do carro e da moto há algo a ser observado. Um homem que anda pelo mundo, conhece muitas cidades, culturas, certamente tem muitas histórias para contar. Vou narrar um pouco dessa nossa conversa.

– O senhor tem muitas histórias para contar? – perguntamos a ele.

– Pelo contrário, eu tenho muita história a ser vividas. Contar histórias perde muito tempo, e o nosso tempo aqui é muito curto para ser gasto dessa forma.

– O senhor está gostando de Paramirim?

– Uma cidade muito bonita, as praças estão aparentemente bem conservadas, tem esse rio aqui rodeado pelo verde. Gostei da cidade.

– Este carro tem quantos anos?

– Ele é do ano de 1973.

– Bem mais velho do que eu. Nasci em 1979.

– Comecei a viajar por volta do ano de 1979. Resolvi deixar essa vida de regras, hoje sou dono do meu nariz. Acordo a hora que quero, vou dormir quando me der na cabeça.

– Daqui qual será a sua próxima parada?

– Fui a Érico Cardoso, pretendo conhecer Rio de Contas, mas me disseram que a estrada é muito íngreme, não sei se meu ônibus a subirá. Quero conhecer mesmo é Bom Jesus da Lapa e de lá seguir rumo ao pantanal.

– O senhor já viajou para o exterior?

– Já.

– Levou o seu ônibus?

– Não. O ônibus é só quando viajo pelas cidades do Brasil. Moramos por dois anos no Himalaia, eu e a minha companheira. O carro ficou aqui. O local lá é lindo, a cultura é encantadora.

– Viaja também pelas capitais e cidades de grandes portes?

– Não. Gosto mesmo é de cidades pequenas, nelas o povo é mais amigo. Nas cidades grandes todos tentam manter certa distância do outro, o medo.

– O senhor costuma visitar as mesmas cidades por onde passou?

– Não, claro que não. O mundo é grande demais, quero conhecer o máximo de cidades que puder.

A nossa conversa se estendeu, muitos assuntos abordados, mas já aproximando ao meio-dia uma forte chuva acobertou a sede e tive que partir. Quando cheguei a minha residência estava todo molhado, fazia uso de uma bicicleta, mas ele com toda bondade me ofereceu uma sacola plástica para embrulhar meus equipamentos.

O andarilho é de estatura mediana, barba farta e branca, olhos de quem conhece de fato a vida. Pelo que notamos, um homem simples, nas suas palavras reflete que é feliz. Perguntei-o se poderia tirar uma foto dele, ele respondeu: tire das coisas que faço, não sou muito chegado a fotos. Diante de um homem de respostas cabia-nos respeitar a sua vontade.

Já me despedindo dele, lembrei-me de perguntá-lo o nome:

– Qual o nome do senhor mesmo?

– Pardal.

– Professor Pardal?

– Não, aluno Pardal. Nesta vida todos somos alunos, ninguém sabe ao certo o que é o certo ou o errado.

– Foi um prazer ter conversando com o senhor.

– Sempre quando há uma troca de conhecimento a conversa tende a ser prazerosa.

– Espero que volte a te encontrar pelas estradas da vida, se não for possível, que encontremos em outra vida.

– Estarei em Paramirim até o final da semana que se inicia. Se quiser retornar para conversar, fique a vontade. Foi um prazer ter dialogado com você também.

Andarilho em Paramirim

Andarilho em Paramirim

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1 Comentário Padrão+ Adicionar Comentário

  • Um indio um dia falou, quando o homem controi a sua casa ele não está construindo o seu lar e sim a sua sepultura. Os andarilhos constroe moradias