Sítio de Pinturas Rupestres Mateus Paramirim Bahia "Na foto da esquerda para direita: Manuel, Jailson, Jackson, Luiz Carlos Bill, Fernando Bonetti, Lúcia Beatriz Alves.

Espedição ao Mateus.

    Esperei por quase um ano para ir ao povoado do Mateus, comunidade pertencente ao município de Paramirim na Bahia. Muitas vezes comentaram a mim que seria no domingo imediato, essa data se estendia e nunca que chegava. Em fim, quando não havia expectativa da minha ida, surge um telefonema e o que parecia distante veio para o próximo dia, ou domingo. Um passeio com clima de trabalho, e sabor de descobrimento.
    Sábado, 12 de janeiro de 2008, 19h15min. Meu pai me chama, no trabalho, alguém no telefone. Eu já estava esperando.  Um amigo que conheci pela Internet (santa Rede Mundial) viria ao município, seu nome: “Fernando Bonetti”. Ele já tinha me avisado que viria passar algumas semanas na Chapada Diamantina, e que desejaria conhecer um dos Sítios Rupestres da região. A princípio, pensei que seriam alguns dos que já conheço, mas Bonetti quis ir mais longe, ao do Mateus. Sítio enorme, porém que eu desconhecia por completo, no entanto já tinha visto as suas lindas pinturas por fotos. Ficou marcado para nos encontrarmos defronte ao “Centro Cultural Nabor Caíres de Brito”, no Bairro São José, às 10h00min do dia seguinte.
    Tudo aconteceu muito rápido. Como faria para chegar ao Mateus se nunca estive lá. Liguei para um amigo que se diz interessado, acusava caixa postal. Indaguei ao meu cunhado sobre o trajeto. Pensei em Jackson, esse já trabalhou naquela região. Ficou certo. Minha irmã comprou alguns itens para consumo, ajeitei o que tinha para levar e fui dormir.
    No domingo, fomos eu e Jackson para o Centro às 09h35min, havíamos marcado para ás 10h00min, eles chegaram ás 10h15min (horário de Deus, não o de Verão). Ao parar o veiculo, Bonetti gritou:
    - Bill!
    - Sou eu mesmo – respondi-lhe.
    Naquele instante vim a conhecer pessoalmente quem eu já mantinha contacto pela Net. Cumprimentamos-nos. Ele apresentou a esposa Lúcia. Trocamos algumas palavras. Descemos para apanhar os pertences. Alguns minutos defronte a casa onde moro, eles conheceram dois dos meus irmãos. Como já estava com o sol alto resolvemos pegar a estrada. Seguimos em busca das pinturas dos Índios Tapuios.
    O trajeto até o Mateus foi tranqüilo. Quinze quilômetros de asfalto outros doze de cascalho. Paramos no povoado do Morro Branco para nos informamos. Um senhor disse-nos para procurar no Mateus um homem de nome “Paulo da Vila”, esse, segundo ele conhece bem o local onde se encontra as gravuras.
    Chegamos ao Mateus às onze horas. Paramos, um rapaz nos indicou a moradia do Paulo, mora logo a frente, onde se encontra um ônibus parado. Para lá fomos. Após duas chamadas, Paulo aparece na janela, estava com cara de sono. Cumprimentamo-nos, trocamos conversas sobre o assunto. Paulo esperava visita, desta forma não poderia nos acompanhar até o topo da serra. Ao final pediu a dois rapazes, amigos seus, que servissem de guias a nós, Manoel da Silva Oliveira e Jailson José de Oliveira. O Jailson estava gripado, mas topou o desafio. Partimos sobre o calor forte do meio-dia.
    Pegamos um corredor entre duas residências, o leito seco do riacho passa rente ao caminho. O começo é como estar andando em campo verde e plano, à medida que avançamos os obstáculos aumentam a sabor dos passos. Nosso guia Manoel, mateiro por natureza, nascera e crescera na mata, a cada árvore nos apontava o nome e as possíveis qualidades. Conhece as espécies de pássaros como ninguém. Na subida encontramos um “mico” (espécie de primata). Paramos no local onde existe um cano fino este suga o liquido limpo e puro que precipita da serra e o leva ao povoado. O guia nos afirma que em cada duas horas aquele pequeno cano enche duas caixas de dez mil litros cada. O trajeto vai ficando cada vez mais íngreme, em certo trecho andamos no leito do riacho ora sobre um monte de lajedos grandes. Jailson segue a frente, de repente ele pula e grita: “Vi um coral!” (tipo de cobra listrada, existe a peçonhenta e a sem peçonha), mas sem saber e estando ela no único caminho, o outro guia resolve matá-la para não acontecer um perigo maior a nós. Não sei se foi o certo, mas assim se fez. Logo estávamos no topo da grande serra, e a frente já podia ser visto o enorme paredão tingido pelo vermelho das muitas pinturas.
    Está ali, onde num passado distante vivera pessoas que sequer imaginariam que um dia seus passos seriam rastreados, me faz pensar sobre suas vidas sem saber se meus pensamentos são verídicos ou apenas imaginação. O que esse povo fazia? Qual sua alimentação? Seus sonhos? Quais os significados das pinturas? São perguntas sem respostas... A única certeza é que a vida é bela demais para ser explicada com palavras ou como os índios Tapuios faziam, com gravuras na rocha.

    O restante não merece alongamento, pois passou sem fatos importantes ao nosso tema.

Luiz Carlos M. Cardoso


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