maio
11
2019

Crônica – É melhor afastar-se do mundo pouco a pouco, em vez de tudo de uma vez

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“É melhor afastar-se do mundo pouco a pouco, em vez de tudo de uma vez” – Pio de Pietrelcina.

Lendo certo texto em um singular livro, deparei-me com a frase citada acima, dita por Pio de Pietrelcina. Busquei algo da biografia do autor, encontrei uma história bastante volumosa e cheia de mistérios. Ele tinha o poder de bilocação, poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo, vários acontecimentos são mencionados, tornando-o especial. Ele foi um ser que passou pela Terra e deixou seu legado; se assim não fosse, não estaríamos falando de sua vida ainda agora.

Voltemos à sugestiva frase. O que ela quer nos dizer? Está clara para o leitor? O que vem a ser: “É melhor afastar-se do mundo pouco a pouco”. E o que insinua: “Em vez de tudo de uma vez”. Nos atuais dias, dias de um materialismo sedutor e catalisador da cultura universal, uma frase como esta vem na contramão de toda a ideologia aplicada na sociedade, na cultura reinante. Devemos, pouco a pouco, nos afastarmos da matéria que nos cobra fidelidade e amor incondicional, assim se deduz da frase. Os bens sedutores que nos roubam os sentidos nos deixando apaixonados sem noção e razão, eles devem ser repelidos pelo bom senso.

Ou fazemos, aos poucos, nosso desapego da matéria; ou faremos de uma só vez em um segundo de tempo em uma ocasião qualquer. A morte irá chegar, cedo ou tarde, com suas garras a nos arrastar sabe-se lá para onde. E toda nossa vida vivida em prol dos pertences que pensávamos serem nossos terminados da mesma forma que começou, como um enigma dos céus. Ao fechar os olhos para este mundo, o que de fato importou em nossa existência? O nosso suado patrimônio pula de mãos num estalar de dedos, o defunto até o corpo perde aos vermes e à terra. O que pensar da banalidade da nossa insignificante história.

Pio Pietrelcina foi formidável em estruturar tal frase, conhecedor da religião e do apego dos humanos pelo material, moldou algo que nos instiga a pensar no atual estado da nossa existência. Ele já transpor o lago da vida para eternidade, contudo o poder do seu verbo ainda vibra como notas agudas a mostrar aos que querem respostas o verdadeiro segredo do bom caminhar. Se não acumulei riquezas, se não erigir pirâmides, se não fui imperador, pelo menos sentir o cheiro das flores, pelo menos ouvi os cantos dos pássaros, pelo menos tive o prazer de viver, para mim só de estar vivo valeu todo o sacrifício da vida. Do mundo não se leva nada, apenas nos é outorgado a chance de saborearmos momentos felizes, momentos ruins, momentos diversos, momentos.

Luiz Carlos Marques Cardoso – 06/05/2019

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