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10
2019

Cultura Popular do Brasil

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Cultura Popular do Brasil

Qual a verdadeira cultura popular do Brasil? Será se temos uma cultura genuinamente brasileira? O que quer dizer cultura popular?

Três indagações pertinentes sobre o tema. Nosso país tem pouco mais de quinhentos anos do descobrimento. Todavia, bem antes aqui já viviam os índios. Para muitos, o Brasil começou em 22 de abril de 1500. Podemos passar uma borracha em tudo o que nesta terra floresceu antes? Dividir, ou começar nossa história com a descoberta da pátria amada chega a ser infantilidade de um povo que se julga superior. Superioridade que se perde nos dados, nas condutas, na mania de copiar. Por que é tão difícil sermos nós mesmos? Deixamos de ser uma estrela a emitir luz, e agarramos com unhas e dentes nas ideologias de outros povos. Somos ou não somos capaz de criar?

O brasileiro é fruto de uma mistura pulsante de raças. Quando Cabral aqui atracou com as suas caravelas, encontrou as várias tribos indígenas. Com a colonização dos portugueses tão logo chegaram os negros vindo do continente africano. Branco, negro e índio passaram a conviver e dividir o mesmo espaço. Nasceram os mulatos, mamelucos e cafuzos. O Brasil virou um celeiro da mais pura miscigenação. No decorrer dos anos foram chegando holandeses e japoneses. Cada indivíduo trouxe consigo algo da sua terra natal. As lembranças da infância, as músicas, as festas, as vestimentas e seus costumes corriqueiros. O Brasil sendo um país enorme foi moldando cada região com características distintas e nas muitas das vezes antagônicas umas das outras. A influência estrangeira foi se enraizando lentamente pelos quatro cantos.

Passamos a copiar e assim seguimos até nos atuais dias. O Brasil poderia ser diferente? Sim, poderia, contudo somos o que escolhemos ser, somos hoje os frutos das árvores que se plantaram e cuidaram no pretérito. Poderíamos gozar neste momento de melhor condição em várias áreas. No entanto, poderíamos também está em pior situação.

A cultura popular é a face da cultura nacional. Somos nossas manifestações, nossos desejos, nossos sonhos, nossa música, nossa arte… Remova tudo isso, e o que teremos é apenas o vazio. A vida humana em sociedade não se pauta apenas no trabalho, trabalho apenas existe pelo simples fato de haver as necessidades básicas. A vida é bem mais complexa. Na falta da cultura popular, sobrariam aos seres humanos a loucura, a debilidade total, a insanidade de uma vida sem razão. Quanto mais ricos formos em cultura popular, maior será nossa felicidade, razão pela qual vivemos. Os nossos sentidos precisam de estímulos para produzirem conhecimento, esta energia vem por meio do envolvimento e do engajamento social. Não nascemos para sermos máquinas, criamos as máquinas para que sobre tempo para o ócio criativo.

Gabamos por temos muitos recursos naturais, esquecemo-nos de sermos grandes a ponto de orgulhamos dos nossos feitos. Louvamos o que recebemos de graça, entretanto pouco contribuímos para a evolução das coisas. O que aconteceu que nos fez acomodados? O que este gigantesco País contribuiu para a humanidade geral? O que ele poderá contribuir nos próximos anos? Quem somos nós? Nem nós mesmo sabemos quem nós somos. Não sabemos o que queremos. Caminhamos sem direção rumo a qualquer lugar. E agora? Vamos continuar a remar rio abaixo deixando o fluxo da água nos levar? Ou vamos nos rebelar e enfrentar a forte correnteza em busca da beleza da nascente no topo da grande serra?

Já não temos mais gênios, os de destaques são tão rasos que o simples toque do vento os remove ao esquecimento imediato. A cultura popular verdadeira vence o tempo e os seus idealizadores. Vejamos a capoeira e o forró, ainda fortes e latentes no gosto da maioria. Por mais que a mídia tente impor à sociedade o conceito de uma minoria alucinada, a sociedade curte o novo, enjoa e retorna ao verdadeiramente belo e atraente. As músicas são tão banais que vira o ano e tudo já retornou ao balde de lixo. Os livros que lemos hoje são os mesmos que foram lidos por nossos antepassados. Os filmes são meras copias aprimoradas daquilo que foram sucesso. Muitos batem no peito e dizem: “Somos modernos! Fazemos parte da modernidade!”. Com tudo que temos em mãos, e o pouco que produzimos de valor real, somos meras crianças enganadas com o sabor doce de um pirulito oferecido pelo pai para paramos de chorar.

Demorei para acordar. Não sei se tenho tempo de recuperar meu tempo perdido. Uma coisa eu sei: “Vou seguir tentando até o último segundo de vida”. Que Deus me dê força e discernimento para escolher os atalhos corretos. Aonde irei chegar, não sei, se soubesse, talvez perderia o sabor de tentar.

Luiz Carlos Marques Cardoso. 09/02/2019

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