Nossa História, esquecida e mal conservada...

    Um país, uma nação, um povo esquecendo o seu passado certamente desaparecerá em um futuro próximo. Quantos impérios imponentes, até certa data, tombaram aos inimigos, simplesmente, por não ter erguido uma cultura forte pautada no seu pretérito. A planta que menospreza suas raízes, breve virá dias de muitas necessidades. Cuidar do patrimônio que nos remete ao passado não é mais do que vincular o presente aos acontecimentos que nos fizeram andar até chagarmos a atual situação.
    Paramirim já fora, como tudo no mundo, diferente... A evolução é uma maquina que dita sempre novos passos. Ou se adapta a ela ou será engolido pelas suas destrutivas engrenagens. Tudo mudou, as pessoas se vão, outras chegam. No Egito após milênios suas Pirâmides continuam a reinar magníficas mostrando o tamanho da inteligência desses tempos remotos. Enquanto nossa querida cidade se dá ao luxo de transformar seus Casarões Históricos, não em ruínas, mas em pó.
    Tempos para cá, a destruição se agigantou, hoje, pouco se resta. Basta olhar ao Casarão do Recreio, parcialmente destruído. O Casarão da Lagoa da Manga evaporou-se. A lista é grande e não quero me perder em dados. Sobraram alguns outros. O correto seria o tombamento e a recuperação. Há três semanas, na Praça Matriz, um Casarão desapareceu para ser erguido em sua área um prédio. Apenas relato em meu Site para que futuras gerações tenham, ao menos em foto, o que ainda insiste em continuar de pé.
    Nas minhas andanças pela cidade fui ter com o pessoal que habita há quase setenta anos o Casarão que se encontra após a Vila Nova já chegando a Barragem Zabumbão. Estive por lá em duas ocasiões. Na primeira fotografei e andei por todo o Casarão. Dava para sentir ao pisar no assoalho de madeira o quanto aquele local estar impregnado por histórias. Maria Nascidade Pereira dos Santos, uma das que ali residem, afirmara que se o Casarão estivesse desabitado, com certeza, já não existiria mais. Mencionou o do Recreio, talvez se possuísse moradores ainda poderia ser visto em seu interior.
    Visitei esse Casarão pela segunda vez seguida, uma semana após, sempre aos domingos. Nesta ocasião, além de Maria encontrei outros habitantes, dialoguei apenas com dois, ou duas: Maria Benta Pereira dos Santos e Maria Julieta Pereira dos Santos. Na conversa fiquei sabendo que no Casarão moram dez pessoas, porém uma se encontra trabalhando em outro município. Na cama um rapaz está postado cego e paralitico. O beneficio da Previdência Social não chegou ainda para esse pobre homem. O custo de vida se sustenta basicamente em duas aposentadorias (a de Maria Benta e a do irmão) e dos bicos realizado por esse mesmo ente.
    Segundo seus relatos, nas muitas ocasiões, os governantes em mandatos, prometeram reformar o Casarão. Mas, apenas ficou nas palavras soltas e vãs.  Pude ver o telhado que se encontra ainda original, porém em estado precário. As portas pesadas de madeira de lei. As paredes de adobe. O altar que estar ali há muitos anos. O andar de cima e seu assoalho de madeira, a escada que a ele conduz, tudo quase aos pedaços.
    Segundo consta, esse Casarão foi a primeira residência erguida no território que hoje se nomeia por Paramirim. Não há uma data especifica do levantamento, sabe-se que fora no tempo ainda da escravatura. Maria, a de mais idade, contou-me que antes deles quem havia habitado o casarão foi o senhor Eupídio Barbosa e que desconhece fatos pretéritos.
    A casa por ser um casarão precisa de muitos recursos financeiros para continuar imponente no alto dessa pequena elevação. A família que reside nele vem ao longo do tempo lutando com todas as forças para preservar seu lá de um possível desmoronamento. A sorte é que essas humildes pessoas moram nele. Se assim não procedesse, esse bem histórico não sobreviveria aos nossos sentidos.
    Fica aqui um pedido aos governantes, para olharem com bons olhos a essa causa, ou mesmo ao setor privado. Preservar o nosso passado talvez fosse o maior reconhecimento a todos aqueles responsáveis pelo surgimento da nossa querida Paramirim. Exaltar os nomes dos homens do passado em seus discursos e destruir tudo aquilo que eles construíram é uma forma ingrata de reconhecimento. Se esses vultos históricos ainda vivem é porque seus feitos podem ser vistos. Culpo todos os governantes, que por essa terra passaram, de todo o mal causado ao nosso Patrimônio e Identidade Histórica. Se ainda há algo a ser feito, sim há, todavia não começou. Caso não comece logo, o passado ficará restrito aos mortos.
    Agradeço:
Maria Benta Pereira dos Santos.
Maria Julieta Pereira dos Santos.
Maria Nascidade Pereira dos Santos
    Por me receber bem em seu magnífico lá.

Luiz Carlos Marques Cardoso

Veja Aqui as Fotos desse Casarão

Veja Aqui as Fotos do Casarão derrubado

Veja Aqui as Fotos dos Casarões de Paramirim