Paramirim

Saquinho 2007

08/07/2007, essa è a data que deixamos a sede do município de Paramirim, às 09h00min, de picape, para um passeio ao povoado do Saquinho. O grupo estava formado por 22 pessoas. O motorista, Luciano do Saquinho, nos conduzirá a residência da mãe dele. Somos nada mais nada menos do que meros convidados.
SaquinhoSempre tem que haver uns folgados, perdemos algum tempo, pois tivemos que passar na residência de dois integrantes, um, por sinal, ainda se encontrava dormindo. A caminhonete deixou as dependências da sede de Paramirim praticamente lotada, ainda mais, por estar levando cinco enormes sacos de semente de algodão, produto que iria ficar no povoado da Santana.
O percurso nada a ser mencionado, há sim, um ponto a ser abordado. Tiago Paulistinha, num certo trecho, onde o carro reduziu a velocidade, pelo motivo de vir na direção alguns animais. O vaqueiro que conduzia o pequeno rebanho foi insultado por esse nosso amigo. Palavra dele: “Vaqueiro veado”. Paulinho Montanha ficou bravo com Paulistinha. “Isso é coisa de se fazer com os outros? !”. Trocaram outros insultos. Passado alguns minutos a paz voltou a reinar. Crente (Mateus) passa por nós de motocicleta. A galera grita.
SaquinhoParamos na Santana para deixar os sacos de sementes. Subimos mais um pouco e paramos na praça, que estava recebendo calçamento. Continuamos, paramos defronte a casa de um senhor, pelo que notei deve ser parente de Isa. Paulistinha, novamente ele, faz uma gracinha com o senhor. Montanha volta a discutir com o mesmo. Havia umas galinhas no terreiro, alguns do grupo tentaram surrupia-las, no fundo, apenas brincadeiras.
Essa ultima parte do caminho, uma serra dura de encarar, cada ladeira de dar medo. Em certos pontos parecia que o carro não agüentaria subir, mas ocorreu tudo bem. Na paisagem rente a estrada podia ser visto um casal de seriemas. Coisa rara em tempos de destruição. Mateus retorna para saber da nossa demora.
Saquinho Em fim, chegamos ao Saquinho. Não mais que 17 quilômetros. Uma hora e pouca de viagem. Passamos por uma represa, depois uma igreja, daí a residência da mãe de Luciano.
Muita terra. Estávamos todos imundos, fora claro os que vieram na cabina. Muitos cumprimentos, muita conversa. Todos queriam um lugar para lavar o rosto e as mãos. Fizemos fila no banheiro da casa.
Ajeitamos-nos no aconchego de um umbuzeiro desfolhado. Um pouco abaixo tinha um chiqueiro, cada porco, pareciam a hipopótamos. Do lado uma fabrica de polvilho. Galinhas pelo terreiro, cachorros, muitos cachorros... O que me chamou mais a atenção foi o fato de poder observar uma quantidade de pássaros no terreiro, procurando a sobra do polvilho. Tinha momentos de ter mais de vinte cardeais juntos.
SaquinhoLuciano ficou de nos levar a antiga morada dos índios Tapuios. Fomos de carro. Na ladeira depois da barragem, o carro não agüenta subir e volta. As meninas gritam loucamente. Luciano arranca e tenta subir novamente. O carro volta. Tenta mais uma vez e nada. Isa aos gritos pede para parar e desce. Todos fazem o mesmo. Bruna ao descer quebra a sandália. Luciano arranca com toda velocidade, carro vazio, desta vez consegue vencer os obstáculos.
Paramos defronte a uma residência. Dessa parte seria à pé. Passamos por uma porteira. Já estava na serra. Começamos a subir. A vegetação era apenas de capim ralo. Chegamos ao local das pedras no topo da serra. Pinturas, nada. Todos queriam tirar fotos. Fui até outras pedras, nada. Isa grita: “Bill, é aqui!”. Quando cheguei à loca, ou caverna, estava cheia de índios brancos, pretos, menos os vermelhos de outrora. Todos queriam uma foto. Fiz as fotos e deixamos o local. Luciano falou que mais a frente havia outra loca, mas que havia um enxame de abelhas dentro. Deixamos para outra oportunidade. Voltamos à residência de chegada.
SaquinhoCarne no espeto, feijão farofado, arroz, vinagrete. Nosso banquete estava pronto.  Cerveja, refrigerantes. O dono da casa veio com dois litros de pinga. Uns pediram limão. Foi feita a vontade. Tomaram a aguardente. Falavam que estava parecendo com água. Parecendo água! Por que tomaram pouco? Conversa de “paudagua”. Bebesse um litro pra ver se conseguiriam ficar de pé. E assim o tempo ia passando entre conversas e brincadeiras.
À tarde formos para uma pequena represa jogar tarrafa. Alexandre capturou duas tilápias, ao fim soltou-as. Jackson entrou em um pequeno canavial e apanhou algumas canas. Enquanto saboreávamos esse caule doce, na represa volta e meia aparecia tocando o seu rebanho os homens forte do sertão. Um vinha de carro de boi pegar água em tambores para encher o cocho do curral. Uma paz gostosa pairava sobre esse recôndito canto, pássaros cantavam, enquanto que galinhas ciscavam logo ali.
Saquinho Dezesseis horas retornamos a residência de Luciano para recolher nossos pertences e nos despedirmos do pessoal.  Dezessete horas deixamos o Saquinho de retorno à sede de Paramirim. Enquanto que eu, Du, Maromba subimos a ladeira, que o carro havia voltado, à pé, os outros subiram na picape e foram no seu conforto. Luciano, na ladeira, pisou fundo no acelerador, o carro conseguiu subir. Subimos no carro, subimos não, eu fui desta vez na cabine, todos queriam a bagunça que se formou na carroceria. Pegamos estrada. Paramos em frente à residência de uma mulher. Uma moça que vinha conosco deixou um embrulho, nessa dita casa, a mando da mãe de Luciano. Continuamos a descida, uma serra e tanto. Luciano reclama:
- Esse carro ta puxando para a esquerda!
Saquinho Acabou a serra, passamos pelo povoado da Santana, depois de uns cinco quilômetros, Alexandre me avisa:
- Bill, fala para Luciano que a roda está querendo soltar.
- Luciano, Alexandre falou que a roda traseira está com problema.
Parou o carro e foi verificar a situação. Realmente a roda estava para soltar. Mais alguns metros e poderia ter acontecido um acidente. Só que Deus estava a olhar por nós, e graças a Ele nada de grave nos aconteceu.
Vamos trocar a roda. Procurou por um macaco, não tinha. Havia o estepe, porém na falta do macaco de nada valia. Pegou a chave e tentou remover os parafusos. Estavam todos grudados pelo desgaste. Não podia ser tirado de chave. Ficamos esperando um veiculo passar. Um táxi vinha vindo, parou, pedimos o macaco emprestado. Padre Pedro estava dentro do táxi. O táxi se foi. Jackson e Luciano foram tentar tirar a roda. Os parafusos, dois já não existiam mais, os outros dois estavam em péssimo estado. Saquinho O irmão de Luciano resolve levar o carro devagar, sem ninguém para por peso. Enquanto ele partia, nós resolvemos ir andando. Passou uma D20. Parou, não dava para levar todos, pois já trazia algumas pessoas sobre, foi então uma mulher, seu filho, Riches e Jackson, esse ultimo iria buscar uma caçamba para nos levar. Continuamos a andar. O sol dormia em plena noite.  Andamos uns três quilômetros, primeiro Mateus voltou na moto. Isa tinha ligado para ele. Logo Jackson chegava com sua caçamba. Subimos no vasculhante e retornamos para casa.
Foi bom enquanto durou... apenas lembranças.... boas e velhas...

Texto por: Luiz Carlos Bill.