fev
24
2014

Dudu Assunção faz comparação do Futebol Profissional com o Amador

futebol-de-varzea

O futebol profissional é composto, quase que na totalidade, por atletas que provavelmente brigariam por vaga em vários times da várzea. Muitas vezes, o que diferencia um jogador amador de um profissional é o empresário certo ou o chute que pegou errado no pé e tomou o rumo do gol. É sorte ou azar. Aposta. Oportunidade.
Um exemplo é o paramirinhense Valdir da Beira da Lagoa, que várias vezes fez gol olímpico cobrando o escanteio com o pé cruzado. Nos anos 90, o time júnior do Vitória jogou contra a seleção de Paramirim. Valdir foi o melhor da partida. Inclusive, deu um drible descadeirante no goleiro rubro-negro. Valdir nunca jogou profissionalmente. O goleiro driblado era Fábio Costa, que anos depois foi campeão brasileiro e vestiu a camisa da seleção.
O futebol profissional é cheio de jogadores comuns, como você, eu e nossos amigos do baba, que acabam promovidos por comentaristas que querem valorizar o espetáculo transmitido pela TV. Nessa salada de invenções, por exemplo, o ex-futuro melhor do mundo Alexandre Pato, aos 24 anos, vai formar no São Paulo a dupla de ex-craques mais jovem da história, ao lado de PH Ganso, o ex-futuro Zidane. É até curioso lembrar que com os mesmos 24 anos, Cafú e Drogba ainda estavam sendo descobertos por algum olheiro. A lembrança de Drogba é só pela idade do início da carreira, não porque o atacante é craque. Se jogasse no Brasil, certamente Drogba seria um centroavante parecido com aqueles sul-americanos chamados de El Tanque, El Tigre, El Demolidor. Sim, falei Demolidor pra lembrar Hernane, artilheiro do Flamengo há duas temporadas. O jogador é daqui do interior da Bahia também, de Bom Jesus da Lapa. Conseguiu no futebol profissional o destaque que não tinha no baba de rua.
Em comentários de quem precisa promover o espetáculo, Saviola já foi o novo Maradona e Robinho já foi o novo Pelé. Sem as sete pedaladas no jogo certo, hoje Robinho seria só um Robinho mesmo, o que já ia ser muito pro maior merecedor do apelido Triatleta: Corre, pedala e NADA. Falando em nada, é válido lembrar que Souza, Dill e Robgol já foram artilheiros do campeonato brasileiro. Vai dizer que no seu baba de praia não tem ninguém melhor que Dill, Souza e Robgol? Vale tudo. Até o Barcelona já acreditou em Keirrisson, né?
… Kaka, Fernando Torres, Hulk, Fred, Benzema, o time da Itália inteiro, Rooney, enfim, jogadores profissionais que a gente conhece semelhantes no baba de qualquer condomínio. Ou todos são craques ou nenhum é. Senão vira um caso Adriano Gabirú, que fez o gol do título mundial do Inter, contra o Barcelona em 2006, e foi dispensado do time de Porto Alegre no ano seguinte. Gabirú hoje poderia vestir a camisa 9 pelo mundo, mas trabalha em uma pizzaria e procura time pra voltar a jogar. É o melhor exemplo de craque de várzea perdido no futebol profissional, tipo Leandro Damião ou aquele Foquinha que fazia embaixadinhas com a cabeça.
Isso de assistir futebol na TV e imaginar que os caras são diferentes de nós peladeiros é pura piada. Eles vivem do marketing que a gente aceita e de apostas quase sempre mal sucedidas. Ou ninguém lembra que em 2003 o Manchester United apresentou com pompas a grande contratação da temporada: O pentacampeão Kleberson. No mesmo dia, como reforço menos importante, o time apresentou também Cristiano Ronaldo. Quis a vida que Kleberson acabasse sendo reserva até no time do Bahia. Por falar em reserva no Bahia, o técnico José Mourinho já profetizou certa vez que o meia Carlos Alberto seria o melhor jogador do mundo.
Em 2014, o Alemão Klose vai se transformar no maior artilheiro da história das Copas. É tudo um grande baba. Klose é um Washington Coração Valente ou um Loco Abreu que não sabe cobrar pênalti com cavadinha. Se tivesse velocidade, Klose poderia ser um Mucuiú de Dario, atacante da seleção de Paramirim, mas nem correr com a bola o alemão sabe. Enfim, Valdir Bigode, Viola e Donizete Pantera teriam mais sorte se jogassem em outras épocas, outros países ou se tivessem outros empresários.
Só pra não parecer que acho tudo uma grande normalidade, confesso que vi na vida quatro jogadores realmente geniais: 1) Dennis Bergkamp, que se aposentou sem o reconhecimento mundial que merece. 2) Ronaldo Fenômeno – Favor só considerar as temporadas jogadas por Barcelona e Internazionale. 3) Zinedine Zidane, que deveria jogar de terno e gravata. 4) Luciano da Várzea Redonda, eterno camisa 7 do União de Canabravinha. Quem acompanhou o futebol paramirinhense nos anos 2000 certamente se lembra como Luciano parecia aqueles jogadores com as habilidades editadas no video game. Até hoje, quando eu brinco de escalar a seleção do mundo, Luciano tem vaga no time. Não é brincadeira. A única dúvida é se ele fica caindo pela ponta esquerda ou direita, já que chuta e dribla bem com as duas pernas.

Obs: Se Ibrahimovic continuar fazendo golaço pelas próximas três ou quatro temporadas, talvez mereça ser chamado de O Dodô da Suécia.

Texto e Foto: Facebook.com

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1 Comentário Padrão+ Adicionar Comentário

  • Cara, pra falar a verdade, nunca li um artigo sobre futebol tão bem escrito quanto esse. Parabéns Dudu.