7
2016
Garimpo da Beta ou Moinho do Francês em vídeo
por Luiz Carlos Bill
Assista ao Vídeo:
O garimpo da Beta fica na trilha que liga a comunidade de Cascalho ao município de Rio de Contas. Encontra-se logo depois da comunidade de Paramirim das Crioulas, Érico Cardoso, Bahia. Do ponto de parada do veículo até o referido local tem uma caminhada de uns 40 minutos, uma parte de campo aberto e outra em meio à mata. O sítio arqueológico histórico (colonial) é composto por uma esmerada construção em pedra, onde era a lavra, o canal de adução, por onde era desviada a água do córrego da mina, além de outras ruínas em adobe. A entrada da mina é por frondoso pórtico esculpido sob pesada laje. O guia da região falou que a mina adentra por mais de 200 metros na montanha, e que é muito perigosa a entrada no recinto, pois há riscos de desabamentos. A mina parece ter sido utilizada em períodos pré-coloniais, possivelmente, pelos povos andinos.
O nome Moinho do Francês vem do homem que viveu e foi enterrado com sepultura, nas imediações do sítio, próximo a umas torres de pedra; ele era francês e seu nome “abrasileirado” é Buaçú, no francês (Monsier De Boissu),
Palavras de Fernando Bonetti (pesquisador): “Estive lá guiado por um rapaz que é professor na escola de Cascalho, mas é fácil chegar até o local, e a trilha, como já disse, é super bonita, margeando, em alguns momentos, um rio que tem o sugestivo nome de Rio da Pedra Vermelha. A trilha liga Cascalho a Rio de Contas desembocando perto do sítio rupestre do Brumadinho, ela é pré-histórica, e no seu percurso inicial tem o sítio rupestre Poço da Espingarda (Angico)”.
Em nossa região somos pontilhados pela exuberante natureza e por traços da nossa efervescente história. No município de Érico Cardoso, a aproximadamente dezesseis quilômetros da Sede, encontra-se um local denominado por Garimpo da Beta. Antônio de Nondas esteve no exato lugar e colheu alguns dados. Segundo seu relato, as pessoas com quem ele conversou disseram que a Beta tem mais de duzentos anos e que foi abandonada não se sabe bem quando. Por lá têm várias construções em declínio, vestígios daquele tempo de grande movimentação, prova da existência de um pequeno povoado. Os descendentes do pessoal da comunidade de Cascalho afirmaram que dali saiu uma grande quantidade de ouro. Na parte mais alta do terreno, havia uma casa, era a casa da Vidraça, para chegar até ela tinha que subir uma enorme escada; daquele ponto, o líder do grupo, o senhor Tavinha, gozava de uma ampla visão das pessoas que se aproximavam. No garimpo foi cavado um túnel, por sinal, muito bem construído, contam-se que, no passado, ainda podiam ser vistos os trilhos por onde trafegavam os pequenos vagões com o material extraídos do local. A Beta foi abandonada quando houve um desabamento, na ocasião, morreram alguns garimpeiros, os demais se aventuraram por outras paragens. O senhor desistiu daquela mineração, desapareceu pelo mundo, nunca mais deu notícia. As paredes quase intactas das residências são provas atuais daquela comunidade que viveu em torno do ouro, paredes feitas de adobes untadas com barro misturado a óleo de baleia.
Há várias versões sobre o Garimpo da Beta. Pela sua estrutura atual, percebe-se a engenhosidade dos seus realizadores. Um lugar muito bonito, ao pé de uma pequena serra, a uma elevação de quase mil e duzentos metros acima do nível do mar, por onde corre um riacho. Este patrimônio histórico pertence ao município de Érico Cardoso, ao estado da Bahia e ao Brasil. Preservar nossa história é fundamental para termo um futuro promissor.
