jul
11
2015

O Brasil precisa de mais cadeias, porque bandidos temos aos milhares

Outro dia desses eu assistir em um telejornal uma matéria falando da votação na câmara dos deputados de um projeto que foi intitulado de Maioridade Penal. Parece que os deputados estão insatisfeito com a quantidade de presos e querem encarcerar ainda mais pessoas nas cadeias e presídios do Brasil. Se for aprovada a tal Maioridade Penal, os jovens de dezesseis anos passarão a ser tratados como um adulto qualquer. Mas com tantas ideias a voga, fica-nos uma indigesta indagação: “Onde irão prender essas pessoas”. Antes de diminuir a faixa etária, primeiro precisaríamos levantar mais locais para engaiolarem a multidão que em breve estará chegando a procura de um espaço. As cadeias já estão abarrotadas, os presos que lá entram geralmente saem pior. Reeducar o delinquente e torna-lo um homem de bem seria a meta maior do sistema penitenciário de qualquer nação. Criar leis por criar, ou apenas para agradar eleitores, pouca serventia tem. Temos uma Constituição que por si só já garantiria uma pátria honesta e justa para com os seus filhos, contudo fica sempre esquecida nas estantes.

 Sou morador do Sertão, nasci em meio a mandacaru e pedregulho, sou um cabra sofrido, tenho as mãos calejadas, a pele queimada, os pés rachados, carrego nos ombros o peso cruel de uma nação perversa. Sou filho do Brasil, mas nem parece. Diante a tantos problemas ainda assim não reclamo da vida, não me revolto e nem tampouco me perco a praticar delitos. E olhe que até fome há dias que passo, pior é ver minhas crias chorando pedindo pão, um copo de suco, e eu não tenho para oferece-lhes. Todos os motivos para me revoltar, eu tenho, contra o sistema opressor em que vivo, todavia sei que a vida para alguns não são verdadeiramente vida, e sim padecimento em cima de padecimento. Como posso viver dentro do Brasil e ao mesmo tempo tão longe. O mundo moderno sequer sabe se eu existo, para ele sou um mero animal. Desta forma meus ancestrais foram obrigados a criar suas normas, seus costumes, suas leis. Herdei dos meus pai, meus pais herdaram dos meus avós, meus filhos estão herdando de mim. Cria minha basta ver meus olhos que já entende o que quero dizer. Na hora das refeições, primeiro fazemos uma oração agradecendo pelo alimento, nenhum se atreve a servir, a minha companheira serve um por um, não há conversa. Se for preciso usar o chicote, não penso duas vezes. Todos eles me ajudam na lida. Nenhum nunca levantou a mão contra o patrimônio de alguém. A educação primeira é a de casa.

Crônica de Zé do Bode.

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